Crônicas fora de hora – V: “Lágrimas do Rio Negro”
Estive em Manaus em 2013, a pedido do amigo Osmir Nunes, para representar a Associação Brasileira de Divulgação Científica (Abradic) na comissão julgadora de um prêmio estadual na área. Por razões profissionais e pelo pouco tempo disponível, conheci pouco da cidade, mas foi o suficiente para qualificá-la como impressionante: por estar encravada numa imensa floresta, por sua forte ligação e dependência em relação a um rio monumental, assim como por sua marcante pobreza, em meio a recursos de aparentemente infinita riqueza natural e cultural. A imagem do Rio Negro, enorme, imponente, está até hoje gravada em minha retina, em minha memória, com muita nitidez e muito sentimento – ver aquele ‘marzão’ (assim me referi a ele à época, como uma criança ou adulto do interior que visse o mar pela primeira vez) foi uma das maiores emoções de minha vida. Águas escuras, águas de vida, águas que hoje são também lágrimas... Ó mar amargo, quanto do seu caudal são lágrimas de Manaus! Lágrimas que na ver